Podcasts: Spotify registra crescimento recorde em 2020

Canais de podcasts foram os responsáveis pela alta da receita de streaming musical

Apesar de o segmento ser de streaming, o Spotify poderia ter perdido terreno para o Netflix ou Twitch que firmou seu público em meio à pandemia de Covid-19. No caso da empresa de conteúdo musical, os usuários não deixaram de consumir música neste período. Ao contrário, eles utilizaram ainda mais a plataforma. E a cereja do bolo neste período foi o crescimento dos canais de podcasts do aplicativo.

Canais de podcasts aumentam receita de Spotify

Portanto, os podcasts fizeram dobrar o valor da empresa em 2020, aliado ao conteúdo musical. Sobre isso, Mia Nygren, diretora-geral do Spotify para a América Latina, afirmou em entrevista à revista EXAME:

“O que realmente aconteceu, muito graças à quantidade de dispositivos em que é possível escutar o Spotify — acho que são cerca de 2.000 dispositivos — é que vimos uma mudança no tipo de consumo. O deslocamento para o trabalho não estava mais lá, mas as pessoas usaram aumentaram o uso em consoles de videogame ou alto-falantes inteligentes em casa.”

O bom ano que o Spotify obteve diante da pandemia teve nos podcasts um crescimento em termos de contratos e produções exclusivas para a plataforma em 2020.

Acordo milionário

Além disso, um acordo estimado em US$ 100 milhões com o podcast Joe Rogan Experience esteve entre um dos maiores do setor. Agregado a isso também esteve o lançamento de um programa exclusivo com a ex-primeira-dama americana Michelle Obama. Ambas as produções ficaram entre os cinco podcasts mais executados do ano.

Nygren diz que atualmente são aproximadamente dois milhões de podcasts hospedados na plataforma, “em torno de 400% na América Latina”.

Ela ainda destacou a importância do Brasil e da América Latina para a plataforma. Isso porque dos 320 milhões de usuários ativos do Spotify, 22% estão na região. Além de 21% dos usuários pagantes também serem latinos.

Artistas locais

Contudo, a aposta da empresa sueca de música chega ainda à relação com artistas locais. Ou seja, segundo Nygren, o Spotify lançou em torno de 80 podcasts exclusivos na América Latina. E metade deles em parceria com produtores brasileiros.

Regionalização

Ela explica que este tipo de investimento requer maior regionalização e língua local:

“É uma estratégia e iniciativa global e estamos levando para os diferentes mercados com uma abordagem de hiperlocalização. O conteúdo, os podcasts que fazemos em nossos mercados são um reflexo do que usuários desses lugares querem ouvir.”

Publicidade

Todavia, o Spotify investiu também em tecnologia e publicidade. Sendo assim, em novembro, a empresa anunciou a aquisição da startup Megaphone, especializada em desenvolver inserção publicitária personalizada em podcasts. Então, o streaming musical divulgou melhor as marcas de seus produtos em programas de áudio. O acordo custou US$ 235 milhões.

Balanços

De acordo com o último balanço trimestral do Spotify o número de usuários que utilizam o serviço sem assinatura, focado em anúncios, é 28,4% maior que o número de assinantes. Ou seja, 185 milhões de usuários não assinantes ante 144 milhões de pagantes. Já o total de usuários ultrapassou 320 milhões, alta de 29% em relação a 2019.

Mas nem tudo são flores

Embora tenha crescido neste ano, o faturamento publicitário representa apenas 9,3% do total. Com isso, o Spotify teve receita de 1,9 bilhão de euros no terceiro trimestre do ano. Nygren complementa:

“Nós sempre vamos defender nosso modelo de negócio freemium, um não vai viver sem o outro. O negócio de publicidade é extremamente importante para nós ainda que, atualmente, esteja gerando menos que o negócio de assinaturas.”

Mercado de rádio

A executiva conclui que a entrada no mercado de podcasts está conectada aos investimentos em publicidade. Neste caso, há um faturamento enorme sendo gerado no mercado de rádio, que esteve linear por muitos anos e agora está em alta demanda.

*Foto: Divulgação