Cientistas da UFMG usam nanotecnologia para detectar doenças

Kit desenvolvidos por pesquisadores mineiros pode baratear custos de diagnósticos e com maior precisão

Cientistas da UFMG usam nanotecnologia para detectar doenças. Para isso foi criado um kit que é capaz de tonar o diagnóstico mais rápido e barato.

O projeto começou em 2017 e foi finalizado em junho deste ano. Com a produção do kit, os exames que antes só podiam ser realizados em laboratórios, agora podem ser feitos no local onde profissional atuar. Os espaços compreendem consultórios médicos, fazendas e clínicas veterinárias. Esta prática é chamada de Testes de Point of Care, que uma iniciativa que ganha força na medicina.

Componentes do kit

O kit é formado por um leitor ótico, produzido em alumínio, e possui tamanho de um porta guardanapo de restaurante. Além disso, há uma placa onde é depositado o material que será analisado. Este material pode ser saliva, sangue e urina. Mas tem casos, considerados raros, em que há a utilização de lágrima. Para finalizar o kit, tem-se uma solução de nanobastões de ouro.

De acordo com os cientistas, por ser um kit portátil ele é considerado um meio mais prático para se chegar a um resultado, assim como os realizados em laboratório. A única diferença é que não é necessária este tipo de estrutura para se chegar a um diagnóstico.

Nanotecnologia para detectar doenças

Os nanobastões de ouro medem entre 50 e 100 nanômetros e possuem forma de cilindro. Para se ter uma ideia de seu tamanho, ele mede um bilionésimo de metro, ou seja, um metro dividido por um bilhão. Eles são produzidos em ouro com a finalidade de ser notada mais facilmente pelo leitor ótico.

No caso de detectar a doença, o nanobastão precisa se tornar um biossensor. Isto é conseguido graças à sua ligação com uma molécula, que pode ser um vírus, anticorpos ou uma bactéria. Contanto que tenha capacidade de reconhecer e se unir a outra molécula usada em diagnóstico, como as que estão presentes na saliva, sangue, urina ou lágrima.

Portanto, um kit é preparado para diagnosticar cada tipo de doença, usando-se a molécula correta para cada caso.

Um exemplo claro disso é um exame de HIV, o vírus da Aids. Neste caso, uma gota do soro do sangue é extraída do paciente com suspeita da doença. Em seguida, o material é aplicado a uma solução que tem nanobastão de ouro conectado a um anticorpo para o vírus HIV. Após isso, a mistura é depositada no leitor ótico da UFMG. Caso a molécula de soro da pessoa se unir ao anticorpo para HIV conectado ao nanobastão, é sinal que há a presença do vírus no sangue do indivíduo.

Dispensa da estrutura laboratorial

Com o laboratório demora-se dias para se chegar a um diagnóstico. Com o uso do kit, este tempo pode ser apenas de alguns segundos, quando se é usado o métodos dos pesquisadores mineiros.

O Teste de Elisa, que é o mais conhecido e usado hoje em dia leva até dois dias para ficar pronto. Em casos de testes rápidos, ele pode ser concluído em 90 minutos. No entanto, ele não daria um resultado preciso, necessitando a realização de outros testes, como PCR e Western Blot para sua real confirmação.

Até se comparados aos testes de dengue, o kit dos cientistas da UFMG levam vantagem, pois há a verificação da ligação molecular e de seu tamanho, sem contar a rapidez do processo.

Em declaração ao UOL, Ary Corrêa, um dos coordenadores da tecnologia, disse:

“Isso nos dá uma certeza da identificação positiva maior, é o que a gente chama de mais acurácia. O resultado é mais confiável em relação aos métodos atuais de exames”.

Custos

No início, a produção dos kits será voltado à doenças dos gatos, como a leucemia. Este é um caso recorrente encontrado nos felinos. Os sintomas do linfoma causam perda de apetite, de peso, diarreia e vômito.

Para os donos desses animais, um teste rápido custa em torno de R$ 120. Com a fabricação dos kits em larga escala, este valor cairia para quase R$ 40, ou seja, um terço do preço atual.

Já no caso do teste do Western Blot, que detecta infecções bacterianas e virais, a despesa para o poder público é de R$ 85 por exame. Utilizando o kit dos mineiros, este gasto cai para R$ 30.

Nos humanos a prioridade será para detectar alergias, Doença de Chagas e o vírus HIV.

Atualmente, a universidade busca parceiros para viabilizar mais rapidamente a fabricação dos kits em larga escala.

Aviso ao governo

Por meio de um aplicativo de smartphone, que deve ser ampliado a outros sistemas operacionais, o equipamento é monitorado.

Com isso, os resultados dos exames ficam armazenados em rede e podem ser enviados diretamente ao sistema público de saúde. Isso acontece conforme determina a lei em casos de doenças que constam da Lista Nacional de Notificação Compulsória do governo federal. As enfermidades são: Aids, raiva, sífilis, tuberculose, febre maculosa, hepatite e Zika, além de outras 40.

Fonte: UOL

*Foto: Divulgação / UFMG