O termo Agrovoltaico diz respeito à combinação de painéis solares com o cultivo agrícola, que resulta na otimização da produção
O sistema Agrovoltaico nasceu de uma conclusão de pesquisadores da Universidade do Estado do Oregon (OSU), nos EUA. De acordo com este conceito, menos de 1% de terras agrícolas poderiam ser utilizadas para geração de energia solar e, com isso, a produção seria capaz de atender à demanda global de energia elétrica.
Visão dos cientistas em relação ao Agrovoltaico
De acordo com o autor do estudo e professor associado da Faculdade de Ciências Agrícolas da OSU, Chad Higgins:
“Nossos resultados indicam que há um enorme potencial para a energia solar e a agricultura trabalharem juntas para fornecer energia confiável”.
Além disso, uma extensa pesquisa foi realizada que gira em torno de como as altas temperaturas podem impactar negativamente a produção de energia solar. Portanto, a partir de agora, tal descoberta pode influenciar na escolha por construir grandes matrizes solares em desertos. Higgins ainda acrescenta:
“Os painéis solares são exigentes. A eficiência deles diminui à medida que os painéis ficam mais quentes. A produtividade deles é menor do que poderia ser por acre”.
Universidade do Arizona
Engenheiros agrônomos da Universidade do Arizona também chegaram a uma conclusão similar. Neste caso, os especialistas cultivaram espécies como acelga, couve, ervas, pimenta e tomate à sombra de painéis solares.
Todo o processo foi medido ao longo dos três meses de verão nesta região. Houve monitoramento contínuo em relação aos níveis de luz recebidos, temperatura do ar e umidade relativa, com o uso de sensores tanto acima como abaixo do solo.
Por meio dos painéis fotovoltaicos, uma sombra foi gerada que resultou em temperaturas diurnas mais frias e as noturnas, mais quentes do que o sistema tradicional de plantio a céu aberto. Além do sistema agrovoltaico proporcionar um menor déficit de pressão de vapor, o que significa que havia mais unidade no ar neste período.
O professor da Escola de Geografia e Desenvolvimento e principal autor do estudo, Greg Barron-Gafford afirmou:
“Muitos de nós querem mais energia renovável, mas onde você coloca todos esses painéis? À medida que as instalações solares crescem, elas tendem a estar fora dos limites das cidades e é historicamente onde já cultivamos nossos alimentos”.
E também garantiu:
“Descobrimos que muitas de nossas culturas alimentares se saem melhor à sombra dos painéis solares porque são poupadas do sol direto. A produção total de frutos de ‘pequin pimenta’ foi três vezes maior e a produção de tomate foi duas vezes maior”.
Quanto mais frio, melhor
No entanto, os pesquisadores do OSU basearam suas análises na produção energética, por meio de dados coletados pela Tesla. Graças à instalação de cinco grandes matrizes solares elétricas em terrenos agrícolas do Oregon.
Houve uma sincronia de informações da companhia com dados de estações de pesquisa de microclima, que constatava uma temperatura média do ar, sua umidade relativa, além da velocidade e direção do vento, unidade do solo e energia solar recebida. Sobre isso, Higgins afirmou em tom de brincadeira:
“Descobrimos que quando está frio lá fora, a eficiência melhora. Se estiver quente, a eficiência piora. Quando está calmo, a eficiência é pior, mas um pouco de vento melhora. À medida que as condições se tornaram mais úmidas, os painéis pioraram. Os painéis solares são como as pessoas e o clima, são mais felizes quando está fresco, arejado e seco”.
Portanto, o sistema agrovoltaico se destacou mais uma vez, ou seja, quando lavouras emitem água por meio da transpiração, os painéis solares são resfriados e ficam mais eficazes.
Como aplicar a técnica de agrovoltaico
A coautora do estudo da OSU, Elnaz Hassanpour Adeh, com base nos resultados alcançados, desenvolveu um modelo de eficiência fotovoltaica que é influenciada pela temperatura do ar, velocidade do vento e umidade relativa do ar.
Com isso, ela utilizou mapas globais gerados a partir de imagens de satélite e aplicou esse modelo em todo o mundo, compreendendo 17 classes de cobertura de terra globalmente reconhecidas, integrando classes como áreas de cultivo, florestas mistas, urbanas e savanas. Tais áreas foram qualificadas desde melhor (áreas de cultivo) até pior (neve/gelo) em termos de em qual lugar um painel solar seria mais produtivo. Contudo, os solos áridos, que geralmente são usados para a instalação de sistemas solares fotovoltaicos, ficaram em quinta posição.
Ambos os pesquisadores já tinham publicado análises que revelam que os painéis solares elavam a produção agrícola em solos agrícolas secos e irrigados. Agora, tais resultados recomendam que a localização de painéis solares em pastagens ou terrenos agrícolas poderia somar no rendimento das culturas.
Fonte: site Ciclo Vivo
*Foto: Divulgação