Pandemia afeta ensino superior com saída de mais de 850 mil alunos

Pandemia afeta ensino superior em 13,2%, referente a matrículas do setor privado em todo o país

A crise econômica provocada pelo novo coronavírus fez com que 858 mil alunos abandonasse cursos de ensino superior na rede particular neste ano. A diminuição equivale a 13,2% geral das matrículas nas universidades privadas do Brasil.

Pandemia afeta ensino superior

Pandemia afeta ensino superior segundo pesquisa feita pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior) e divulgada na terça-feira (19). De acordo com o levantamento, 608 mil alunos desistiram, trancaram a matrícula ainda no 1º semestre do ano ou não se rematricularam para o 2º semestre. Isso compreende 83 mil a mais que no mesmo período de 2019.

Universidades privadas

Além disso, as universidades privadas também perderam 250 mil ingressantes no 2º semestre, em comparação com o ano passado. Ocasião em que 1,2 milhão se matricularam para iniciar o ensino superior. A diminuição é puxada especialmente pela queda nos cursos presenciais, que receberam em torno de 40% menos novos estudantes.

Aulas presenciais suspensas

As aulas presenciais estão suspensas na maioria das instituições de ensino superior em todo o país há quase sete meses. Em São Paulo, apesar da autorização estadual e de algumas prefeituras, a maior parte das faculdades optou por seguir com as aulas remotas. Segundo o relatório:

“O ingresso de novos alunos no segundo semestre, que representa aproximadamente 30% dos ingressantes no ano, também foi frustrante e ficou muito abaixo dos últimos anos, agravando ainda mais a situação.”

Inadimplência

Em relação às taxas de inadimplência nas mensalidades, ela aumentou em 29,9% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019. O percentual atingiu 11% dos alunos. Já em cursos EAD (ensino a distância), o atraso no pagamento é maior, com 12,5% dos contratos inadimplentes, revela o mesmo documento:

“Composto por mais de 90% de alunos das classes de renda C, D e E, o público do ensino superior privado foi o que mais sofreu com desemprego, perda de renda e suspensão ou redução de contrato de trabalho. Consequentemente, as instituições de ensino superior viram a inadimplência e os trancamentos ou as desistências crescerem acentuadamente no primeiro semestre do ano.”

Preocupação entre as instituições de menor porte

Todavia, para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a redução de alunos foi muito grande. A preocupação maior vem de instituições de menor porte e em cidades menores ou no interior do país. Isso porque já estavam em situação financeira fragilizada por não terem se recuperado da crise econômica de 2015:

“Não houve nenhuma política pública para resgatar esses estudantes, ajudá-los a continuar estudando. Deveria haver algum tipo de financiamento para evitar que esses jovens se vejam impedidos de se formar.”

Posicionamento de alunos

Em contrapartida, o lado dos alunos também é de preocupação. É o caso da estudante Larissa dos Santos, de 19 anos, que por medo de assumir uma dívida, optou por adiar o ingresso no curso de educação física. Ela conta ainda à Folha de S. Paulo que tinha conseguido um desconto de 30% nas mensalidades:

“No ano passado, decidi que esperaria seis meses para entrar na faculdade para juntar dinheiro antes. Eu estou empregada, mas está tudo tão incerto que achei melhor esperar um pouco mais.”

Retomada das aulas presenciais

Além disso, ela disse que a indefinição quanto á retomada das aulas presenciais também foi um fator que considerou para não se matricular agora:

“É um curso muito prático. Se for para ter aula remota, não acho que vale a pena pagar e ter uma formação que não sei se será boa.”

*Foto: Divulgação