ONU diz que investimento estrangeiro no país caiu 62% em 2020

Investimento estrangeiro no Brasil caiu cinco posições no ranking dos principais destinos desse tipo de investimento

Na segunda-feira (21), foi publicado que o Brasil caiu cinco posições no ranking dos principais destinos de investimento estrangeiro. Agora ele está na 11ª posição. Além disso, a queda foi mais intensa que a registrada pela América Latina e Caribe, e mais acentuada que a média global, de 35%.

Situação do investimento estrangeiro no Brasil

O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil despencou 62% em 2020. Os dados são do Monitor de Tendências de Investimentos Globais, divulgados pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

Em 2020, os recursos estrangeiros investidos no país totalizaram US$ 25 bilhões. Este foi o menor patamar em duas décadas, “drenado” pelo desaparecimento de investimentos na extração de petróleo e gás natural, além do fornecimento de energia e serviços financeiros, aponta o relatório. No ano anterior, o volume de investimentos havia ficado em US$ 65 bilhões.

Em decorrência dessa queda, o Brasil também caiu no ranking dos países que mais recebem investimento estrangeiro direto. O país foi da 6ª posição em 2019 para o 11º lugar.

Movimento global

Apesar de o movimento registrar maior força no país, ele foi global: em todo o mundo, o fluxo de investimento estrangeiro direto caiu 35% em 2020, para US$ 1 trilhão, ante US$ 1,5 trilhão no ano anterior – retornando ao patamar de 2005. Segundo a Unctad:

“A crise da Covid causou uma queda dramática no IED.”

Pandemia

Além disso, o relatório mostrou também que os fechamentos adotados em todo o mundo em combate à pandemia reduziu a velocidade dos projetos de investimento já existentes. E isso também se refletiu na perspectiva de uma recessão, o que levou as multinacionais a reverem novos projetos.

Entretanto, o impacto da pandemia sobre os investimentos estrangeiros foi concentrado principalmente no primeiro semestre de 2020.

Economias em desenvolvimento X desenvolvidas

A Unctad também afirmou:

“A queda foi bastante dirigida em direção às economias desenvolvidas, onde o IED caiu 58%.”

Em termos de economia em desenvolvimento, a queda foi mais moderada, de 8%, “principalmente por conta de fluxos resilientes na Ásia”.

Como resultado, as economias em desenvolvimento passaram a ser destino de dois terços do investimento estrangeiro global, que em 2019, representavam pouco menos da metade.

Por outro lado, entre o grupo das economias em desenvolvimento, o resultado foi bem desigual. Sendo assim, o Brasil apresentou um desempenho bastante negativo em relação aos demais países. E isso mesmo em comparação ao conjunto da América Latina e Caribe, que viu o fluxo recuar 45% em 2020. No mesmo período, os fluxos tiveram queda de 33% no Chile, 46% na Colômbia, e de 38% na Argentina.

Já na África, a queda foi de 16%, enquanto a Ásia viu aumento de 4%.

Choque na Europa e América do Norte

Na Europa, o choque foi maior, com o fluxo de investimento direto despencando em 80%. Já na América do Norte, a queda foi de 42%, com os Estados Unidos permanecendo no topo dos países que mais recebem esse tipo de investimento.

Expectativas

Para 2021, a estimativa é que os investimentos cresçam entre 10% e 15% globalmente. Com isso, o IED fica em torno de 25% abaixo do nível de 2019. As estimativas atuais indicam para uma nova alta em 2022, que podem levar os investimentos de volta ao patamar de 2019, a US$ 1,5 trilhão.

Entretanto, a recuperação deverá ser desigual, com as economias desenvolvidas puxando a retomada. Enquanto isso os fluxos para a Ásia devem seguir resilientes. Neste caso, o relatório aponta que uma recuperação substancial para a África e para a América Latina é improvável no curto prazo.

Dados do BC

Em janeiro, o Banco Central do Brasil (BC) informou que os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 34,1 bilhões no ano passado, com queda de 50,6% em relação a 2019.

Foi o menor ingresso de investimentos diretos na economia brasileira desde 2009 (US$ 31,480 bilhões). Ou seja, em 11 anos, e ocorreu em meio à queda do Produto Interno Bruto (PIB) e à tensão nos mercados, provocada pela pandemia de Covid-19.

*Foto: Divulgação