Efeitos da inflação: BC está atento e comprometido com meta

Efeitos da inflação foram impactados por itens voláteis, como alimentos e preços de energia, com tendência a serem mais esporádicos, afirma diretora do Banco Central

Na segunda-feira (11), Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos​ do Banco Central, ressaltou que a autarquia está comprometida com a entrega da inflação na meta em 2022. Além disso, ela também está atenta aos efeitos da inflação no país.

Efeitos da inflação

A diretora, que participou de uma reunião anual do Institute of International Finance (IIF), avaliou que o preço de serviços no Brasil está em processo de realinhamento. Porém, mesmo assim a taxa atualizada ainda está em patamar considerado baixo.

Alta de preços

Por outro lado, a respeito da significativa alta de preços na economia, Fernanda afirma que a inflação foi impactada por itens voláteis como alimentos e preços de energia. Ambos tendem a ser mais esporádicos, apesar de estarem demorando mais para cederem.

Contudo, a diretora reconheceu que a surpresa nesses itens voláteis tem sido “bastante grande”. Ela disse em inglês.

“Por isso temos subido (a Selic) a um ritmo muito rápido, estamos ajustando nossa taxa de juros. E estamos almejando conter pressões inflacionárias de segunda ordem.”

E ainda complementou:

“É isso que temos em mente. Queremos trazer a inflação de volta à meta no ano que vem. Então estamos muito empenhados em alcançar esse objetivo. E vamos fazer tudo que pudermos fazer para fazer a inflação convergir para a meta a fim de conter essas pressões inflacionárias.”

Meta de inflação

Em contrapartida, a meta de inflação em 2022 é de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Em seu cenário base, o BC vê o IPCA do próximo ano ligeiramente acima deste patamar, em 3,7%.

Em seu cenário base, o BC vê o IPCA do próximo ano ligeiramente acima deste patamar, em 3,7%. Já o mercado projeta inflação de 4,17% em 2022, segundo dados do boletim Focus mais recente. E que também houve projeção alta em setembro.

Neste caso, a taxa básica de juros está em 6,25% e o BC tem indicado que deve elevá-la novamente em 1 ponto percentual em sua próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre no fim deste mês.

Inércia inflacionária

Contudo, a diretora do BC pontuou também que os modelos internos na autarquia não sugerem que a inércia inflacionária subiu muito. Ela frisou ainda que o país vive agora seu pico inflacionário. Isso considerando a taxa acumulada em 12 meses, e que este ritmo tende a perder força daqui em diante.

Já em relação ao quadro fiscal brasileiro, a diretora destacou que há muita incerteza sobre a gestão das contas públicas, o que tem sido impacto nas expectativas de inflação.

Ela concluiu essa incerteza para 2022 entra no balanço de riscos do BC na direção de inflação mais alta.

“Em um cenário com recuperação muito forte do consumo, vemos a necessidade para gasto extra como menor, mas isso, é claro, não cabe ao BC dizer, cabe ao governo e aos parlamentares decidir.”

*Foto: Reprodução/Sérgio Lima/Poder 360