O número foi recentemente divulgado pelo Ministério da Saúde em relação a doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti
No período de um ano, o número de mortes por dengue atingiu mais que o dobro. No primeiro semestre de 2018, foram registrados 139 casos. Já nos primeiros seis meses de 2019, foram 366 ocorrências. Um crescimento de 163%.
As informações foram fornecidas pelo Ministério da Saúde, e contém casos de transmissões pelo Aedes aegypti computados até o dia 8 de junho. O indicativo do ministério mostra que este é o maior índice registrado desde 2015. Naquele ano, 752 pessoas foram a óbito em decorrência da dengue.
Ranking
O estado de São Paulo teve o maior número de mortes este ano, com 145 registros. Em seguida vem Minas Gerais, com 79; Goiás, com 29; Distrito Federal, com 24; e Mato Grosso do Sul com 23 casos.
Fora isso, existe as ocorrências de suspeitas de dengue que cresceu bastante do primeiro semestre de 2018 para o mesmo período deste ano. O número subiu de 170.628 para 1.127.244, uma alta de 561%.
Maior incidência
Os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul foram os locais com maior incidência da doença. E apresentaram, respectivamente, 1.804, 1.230 e 1.164 casos. O auge das ocorrências se deu no mês de abril nestas regiões.
Sorotipos e outros fatores determinantes
De acordo com infectologistas ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, os fatores que podem ter influenciado no aumento dos casos são:
- Urbanização sem planejamento;
- Alterações climáticas;
- Circulação de um sorotipo que difere do vírus da dengue.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2019, a predominância no país é o sorotipo 2. Ele é considerado mais agressivo que os demais que já circularam pelo Brasil, os do tipo 1 e 4. Há ainda mais um subtipo, o 3.
De acordo com análises realizadas entre o fim dos anos 1990 e o começo dos anos 2000, o sorotipo 2 era presença frequente e apareceu com maior intensidade pela última vez em território nacional, em 2008.
Segundo o professor do departamento de Infectologia da Unifesp, Marcelo Burattini, o fato de muitas pessoas não terem sido infectadas por este subtipo faz com que elas estejam mais propensas à contaminação.
Ele ressalta que em 2020 em virtude desta alteração de sorotipo, o panorama pode ser bem ruim. Pois, terá maior circulação de mosquitos que carregará o vírus do tipo 2.
Sendo assim, a alternância de sorotipos prova que a dengue é uma doença periódica, de acordo com informações de anos anteriores.
Mudanças climáticas
As altas temperaturas, além da elevação dos índices de chuva neste primeiro semestre podem ter colaborado para o aumento dos casos de dengue. Só no estado de São Paulo, segundo dados do Imnet (Instituto Nacional de Meteorologia), o verão de 2019 foi o quinto mais quente da história.
Do ponto de vista histórico, as ocorrências da doença costumam ser maiores no início desta estação, sendo reduzida já no mês de maio, quando ocorre o outono. No entanto, segundo a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Melissa Falcão, a maior incidência em 2019 começou antes do esperado. Portanto, o encerramento da epidemia também será prolongado.
Transmissão e sintomas
O mosquito transmissor da dengue é o Aedes aegypti. Ele se prolifera, principalmente, em locais com água parada, como pneus, vasos com plantas e garrafas plásticas. No entanto, evitar que estes criadouros se instalem já um modo de prevenção.
Os sintomas mais comuns da doença são dores musculares e nos olhos, dor de cabeça, falta de apetite, febre alta e mal estar em geral. É importante que as pessoas usem bastante repelente durante o período mais quente do ano, de preferência logo pela manha e no fim de tarde.
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde divulgou um comunicado em que afirma atuar na prevenção e combate ao mosquito transmissor. Ele desenvolve esta ação junto aos municípios e estados do país. E ressalta que é de responsabilidade das autoridades locais determinar a visita de agentes às residências para explicar e eliminar possíveis criadouros.
Além disso, o ministério proporciona o apoio necessário como fornecimento de insumos para combater o Aedes. Só em 2018, o governo disponibilizou verba de R$ 1,9 bilhão para esta causa.
Com o crescimento dos casos neste ano, a pasta comunicou em abril a expansão dos testes com mosquitos Aedes aegypti contaminados pela bactéria Wolbachia. Esta consegue diminuir a capacidade do inseto de transmitir o vírus da chikungunya, febre amarela e zika.
Após isso, o procedimento deve integrar os serviços do SUS. Segundo o ministério, este tipo de teste é seguro para os seres humanos e para o meio ambiente, visto que a Wolbachia se desenvolve somente dentro das células dos mosquitos. Para a realização desta iniciativa, houve investimento de R$ 22 milhões.
O número de mortes em decorrência da dengue nos anos de 2015 a 2017 foram respectivamente de: 752, 318 e 107.
Fontes: Ministério da Saúde e jornal Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação