Banco Central pode subir juro além do previsto

Juro além do previsto pode ser decorrente do avanço da pandemia, além da complicada discussão sobre o Orçamento deste ano

Esta semana veio à tona pelo ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, que a segunda onda da pandemia de covid-19 no país aliada a complicada discussão sobre o Orçamento deste ano dificultam a política monetária. Com isso, pode haver juro além do previsto.

Juro além do previsto

Portanto, o BC optou agora por uma estratégia de contemplar as duas coisas e arrisca-se a ser forçado a subir o juro além do previsto. A afirmação é do atual sócio-diretor da Tendências Consultoria.

Copom

Além disso, em março, o Copom elevou a Selic 0,75 ponto percentual, para 2,75%. E ainda indicou que fará outro aumento do mesmo tamanho em maio.

Por outro lado, o mercado vem precificando um aperto maior. Isso porque as projeções dos economistas apontam inflação acima do centro da meta para 2021 e 2022.

Para Loyola, que comandou o BC em dois períodos, sendo o último deles de 1995 a 1997, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:

“O BC está de alguma forma esperando o que a conjuntura vai trazer, vai verificar se esse ritmo de alta é suficiente para trazer as expectativas à meta.”

Gestão atual do BC

Porém, Loyola reconhece que o atual presidente do BC Campos Neto fez tudo certo em relação à pandemia. Ou seja, ele reduziu fortemente os juros, aumentou a liquidez na economia e criou mecanismos para estimular o crédito. Em contrapartida, ele foi surpreendido pela piora da pandemia, o que exigiu mais gastos e embaralhou as previsões de recuperação econômica, e pelo imbróglio fiscal.

Congresso e governo federal

Recentemente, houve um arranjo entre Congresso e governo federal para o Orçamento deste ano. Mas que deixou uma série de “fios desencapados” que vão continuar a gerar riscos fiscais.

“O BC tem uma posição difícil para conciliar todas as questões.”

Commodities

Vale ressaltar que, em condições normais, era esperado que o ciclo de alta das commodities beneficiasse a economia e fortalecesse o real. Porém, isso não está acontecendo de fato, em decorrência das incertezas fiscal e política, afirma Loyola.

Câmbio

Sobre o câmbio, o ex-presidente do BC diz que o banco está fazendo o que tem de fazer. Neste caso, estão agindo pontualmente para diminuir a volatilidade em momentos mais tensos, oferecendo um estoque de hedge razoável ao mercado e não deixando faltar liquidez em situações agudas.

Por fim, a eleição presidencial de 2022 começa a preocupar investidores. E para Loyola esse fato “não sinaliza nenhum futuro brilhante para o país, pois se conhece a incapacidade de gestão dos dois”.

*Foto: Divulgação