SP: em uma década, número de indústrias fechadas aumentou

Em contrapartida, mais de 4.490 indústrias foram abertas entre janeiro e maio deste ano, mas isso não quero dizer que seja algo positivo para o setor

Maior polo industrial do Brasil, o estado de São Paulo confirmou o encerramento de 2.325 indústrias de transformação e extrativas entre janeiro e maio. Com isso, o número de indústrias fechadas aumentou e foi o maior já registrado nesta última década, e ainda 12% a mais que o de 2018. As informações são da Junta Comercial.

Estes indicativos revelam que a economia nacional ainda está em fase fraca de recuperação depois do período de recessão entre 2014 e 2016. Sendo assim, o setor acabou reduzindo sua expansão, além de demitir empregados e desativar fábricas.

Número de indústrias fechadas aumentou

Com o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em queda, em um acúmulo de 4,2%, no período de 2014 a 2018, a taxa da indústria de transformação caiu ainda mais em todo país e atingiu 14,4%. As consequências foram graves e impactaram negativamente e, consequentemente, o número de indústrias fechadas aumentou. A afirmação é do economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.

Indústrias abertas neste ano

Em contrapartida, foram abertas entre janeiro e maio deste ano 4.491 indústrias na capital paulista. Mesmo que tenha registrado neste período mais abertura de empresas do que encerramento das mesmas, isso não quero dizer que seja um saldo positivo. Para o economista, o PIB continuou caindo apesar do surgimentos de novas indústrias. Com isso, houve uma diminuição em produtividade. Ele ressalta que é provável que companhias médias e grandes encerraram suas atividades e eu seu lugar foram abertas unidades de pequeno porte.

Depoimento

De acordo com Caetano Bianco Neto, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Jaú, diversas companhias de grande porte do setor foram fechadas. Sobre isso, ele ainda afirmou à revista EXAME:

“Quando fecha uma grande, muitas vezes surgem outras três ou quatro micro e pequenas fabricantes, algumas inclusive abertas por ex-funcionários, mas com pouca mão de obra”.

Em meados dos anos 2000, o polo de calçados de Jaú era referência nacional na fabricação de sapatos femininos. Chegou a empregar 12 mil pessoas neste período, diz Bianco Neto. Atualmente, o setor conta com 5 mil empregados. O presidente do Sindicato juntou-se a representantes das cidades vozinhas Birigui e Franca e entregaram um plano de recuperação para a indústria de calçados ao atual governador do estado, Joao Doria (PSDB).

Das indústrias fechadas

As companhias que encerraram suas atividades neste ano figuram indústrias nacionais e internacionais. A solução de algumas foi transferir as filiais para outras unidades da mesma empresa. A medida teve por objetivo cortar gastos. No entanto, tem as que optaram por encerrar sua produção e gerando muitos desempregados, aos quais, parte deles estão com salários atrasados e também não receberam indenizações.

Setor de autopeças

Na zona oeste de São Paulo, existia até o mês de abril a indústria de autopeças Indebrás. O resultado ainda deixou 150 funcionários sem trabalho. O impacto maior foi em relação a salários atrasados e ainda sem pagamento das rescisões. Com isso, os ex-colabordores acamparam em frente à fábrica durante 48 dias. O caso foi parar na Justiça do Trabalho e que por fim houve um acordo em que a companhia se comprometeu a pagá-los em 18 parcelas mensais.

No entanto, ainda há o medo que a companhia só cumpra as primeiras parcelas e depois suspenda o restante. Pois, casos assim já vieram a público praticados por outras indústrias, ressalta Érlon Souza, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

Dificuldade em outras regiões do país

Não é só no estado de São Paulo que a situação das indústrias se agravou. Houve encerramento de atividades em outras cidades do país. É o caso da fabricante de pneus Pirelli que divulgou em maio o fechamento da fábrica de Gravataí (RS), onde 900 pessoas foram demitidas. Com isso, a produção de pneus de motos foi incorporada à de pneus para veículos em Campinas (SP). A empresa promete que no decorrer dos próximos três anos 300 vagas devem ser geradas. A Pirelli justifica o ocorrido como um processo de reestruturação, em função do atual cenário econômico do Brasil.

Empresas que fecharam em 2019

Entre as companhias que encerraram unidades neste ano, estão duas fábricas da PepsiCo, referente às marcas Mabel e Quaker, nos estados de Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, respectivamente. Também foram fechadas polos das empresas: Britânia (BA), Kimberly-Clark (RS), Malwee (SC), Nestlé (RS) e Paquetá (BA). Já no ABC paulista, após uma greve e negociações que envolveu a prefeitura de Rio Grande da Serra e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa de autopeças Dura resolveu adiar a decisão de fechar a fábrica em maio. Com esta atitude positiva, 250 funcionários mantiveram seus empregos.

Fonte: revista EXAME

*Foto: Divulgação / Bloomberg – Marcos Issa