Encontro de Lula e Macron em Paris reverbera na imprensa francesa; na véspera o presidente brasileiro encontrará o papa Francisco no Vaticano
O anúncio da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Paris, nos dias 22 e 23 de junho, já desperta forte interesse na imprensa francesa. Em nota divulgada no último sábado (3) pelo Palácio do Eliseu, Emmanuel Macron expressa “satisfação” por receber o líder brasileiro em uma reunião internacional que “pretende que nenhum país tenha que escolher entre lutar contra a pobreza e atuar em favor do clima e da natureza, com o objetivo de que as condições da transição sejam acessíveis a todos”.
Vale lembrar que desde o anúncio de Lula como novo presidente do Brasil, que a França se reaproximou do país. Já no mês de março, para 41% da população sua gestão se revelava como boa ou ótima.
Encontro de Lula e Macron em Paris
Além disso, o encontro de Lula e Macron visa a participação de uma reunião política de cúpula sobre um novo pacto financeiro mundial. E ainda um encontro bilateral com Macron, conforme fontes dos governos dos dois países. O líder francês já articulava os preparativos dessa conferência, recebendo no domingo (4), no Eliseu, o cacique Raoni.
Na ocasião, a assessoria de Macron informou que ele pretende reiterar, na conversa com o cacique brasileiro, seu compromisso com o respeito aos povos indígenas, e sua determinação a trabalhar pela conservação dos meios naturais e especialmente das florestas tropicais, que constituem reservas vitais de carbono e de tesouros de biodiversidade.
Marco temporal
Por outro lado, a derrota sofrida pelo governo brasileiro com a aprovação na Câmara dos Deputados, no dia 31 de maio do projeto de lei que estipula a validade da tese do marco temporal, segundo a qual os indígenas só têm direito aos territórios que ocupavam na época da promulgação da Constituição de 1988, gerou preocupação na Europa. A medida foi criticada por associações indígenas, especialistas e autoridades europeias.
Macron também discutiu com Raoni os objetivos “da cúpula que visa criar um novo pacto financeiro mundial, que trabalhará para aumentar a solidariedade internacional na luta contra a pobreza, para a proteção da natureza e ação pelo clima, além da Amazônia, que ocorrerá neste ano em Belém”.
Outros chefes de nação
Além do presidente Lula, vários participantes já confirmaram presença nos dois dias de debates em Paris: Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados, e Filipe Nyusi, presidente de Moçambique. A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, também estará presente, segundo uma fonte diplomática.
Segundo a nota do Eliseu em relação à conversa que Lula terá com Macron:
“A luta contra o aquecimento global, a preservação da biodiversidade e contribuir para a resolução de crises internacionais estarão na agenda do encontro bilateral.”
Lula e Macron já se encontraram na cúpula do G7, em Hiroshima, em 20 de maio, quando conversaram sobre a cooperação bilateral em defesa e a ampliação de intercâmbios “no campo cultural”, além da guerra da Rússia na Ucrânia, segundo a presidência do Brasil.
Acordo de livre comércio
Vale lembrar que a França também é um país central nas negociações para a assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que estão sendo retomadas.
Por fim, um dia antes das atividades de Lula em Paris, o presidente brasileiro se encontrará com o papa Francisco no Vaticano, confirmou o Itamaraty. Francisco e Lula conversaram na semana passada por telefone sobre a defesa da paz na Ucrânia e o combate à pobreza, em um diálogo no qual o líder brasileiro convidou o pontífice a visitar o Brasil.
*Foto: Reprodução/Flickr (Ricardo Stuckert/PR – flickr.com/photos/palaciodoplanalto/52911124932/)