Livro e podcast chamam a atenção das pessoas em relação a como é possível e de extrema importância melhorar a qualidade dos ônibus no mundo todo
Nos tempos atuais, onde a tecnologia é nossa aliada, nem sempre ela pode estar ao nosso lado. Uma prova disso é imaginar algo do nosso cotidiano relacionado ao horário que saímos de casa para trabalhar. Se a sua rotina inclui dirigir até o seu local de trabalho e de repente precisa só pode sair de sua própria garagem a cada meia hora. E se perder esse horário, terá que esperar a próxima chance. Com os ônibus também não é diferente esta demora, que é pior e cruel a quem depende do transporte público.
Ônibus versus carros
Esta comparação foi feita pelo especialista em transporte, Stevem Higashide, que lançou o livro “Better buses, better cities” (“Melhores ônibus, melhores cidades”), durante uma entrevista ao podcast 99% Invisible.
O programa que dura 35 minutos e no idioma inglês, Higashide resumiu as principais abordagens da obra. Ele adverte que os ônibus agregam uma imagem ruim em boa parte das cidades do mundo. Porém, suas ações de marketing ainda não são capazes no sentido de alterar esta situação, por vezes, caótica. Portanto, é necessário melhorar o serviço a começar por uma expansão da oferta de horários de transporte público. Segundo o especialista:
“Aumentar a frequência faz com que as pessoas possam contar com o serviço e usá-lo de maneira natural, sem ter de se programar tanto.”
Ele também analisa que com mais pessoas utilizando este meio de transporte e tendo uma boa experiência, a propaganda boca a boca aumenta e, consequentemente, atrai mais usuários, gerando um ciclo positivo.
Flexibilidade de mudanças
Higashide ainda ressalta que os ônibus possibilitam maior flexibilidade para modificações, como conseguir alterar rotas de forma simples, já que não há trilhos fixos, como no metrô. Mesmo assim, as cidades mexem pouco nas linhas e mantêm o mesmo serviço durante décadas, ao passo que as outras transformações urbanas e sociais acontecem constantemente conforme às necessidades de seus passageiros.
Outro ponto que sempre é uma questão delicada aos usuários de ônibus é em relação à tarifa. O autor chega a elogiar o modelo de valor mensal máximo, como é o adotado em Londres, na Inglaterra. E cita como exemplo: um passe mensal, com viagens ilimitadas, pelo equivalente a R$ 300, aqui no Brasil. Contudo, estes passageiros não precisariam comprá-lo de uma única vez, pois poderiam ir pagando de modo unitário e, caso a despesa total atinja R$ 300 naquele período, as viagens extras não seriam mais cobradas até o fim do mês vigente.
Calçadas
Além disso, o autor menciona sobre a importância de cuidar bem das calçadas, já que um caminho difícil para chegar ao ponto de ônibus também impacta de forma negativa sua utilização diária.
Ele lamenta o quanto é comum atualmente que o transporte e a manutenção viária por órgãos públicos diferentes, simplesmente não mantêm uma boa comunicação, no intuito de desenvolver melhorias mais eficazes para esta questão.
Quem quiser saber mais sobre o livro de Steven Higashide, “Better Buses, Better Cities: How to Plan, Run and Win the Fight for Effective Transit”, ele é vendido pela Island Press, como ebook e custa no Brasil R$ 64,74.
E para quem quiser conhecer o podcast onde ele deu a entrevista, basta acessar o programa “99% Invisible, ep. Missing the Bus”. Disponível aqui e em plataformas de podcasts. Gratuito e em inglês.
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação