A crise econômica mundial gerada pelo avanço da pandemia da Covid-19 também deve afetar as projeções das contas públicas do Brasil, segundo consta no documento Monitor Fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Contas públicas e retração do PIB
De acordo com o órgão multilateral, as contas públicas do Brasil deverão registrar uma retração do PIB (Produto Interno Bruto) de 5,3% neste ano e estima uma recuperação parcial para 2021, quando o crescimento deverá marcar 2,9%.
Segundo o FMI, o déficit primário como proporção do PIB deve elevar de 1,0% em 2019, para 5,2% em 2020, resultado do reflexo das medidas que o governo vem adotado para proteger os efeitos recessivos ao nível de atividade causados pela Covid-19. Para o ano que vem, a projeção do Fundo é de que o indicador registrará um déficit de 2,1%.
Neste mesmo cenário, o déficit nominal deve passar de 6,0% do PIB de 2019 para 9,3% do produto interno bruto em 2020 e ainda baixar 6,1% do PIB em 2021, conforme afirma o FMI:
“Em resposta à pandemia, o Brasil expandiu as transferências de recursos para famílias de baixa renda e concedeu alívio temporário no pagamento de impostos, somando 2,9% do PIB.”
Já em relação às variáveis macroeconômicas consideradas pelo FMI, o órgão multilateral espera que o IPCA crescerá 3,6% neste ano e terá um incremento de 3,3% em 2021. O percentual de desemprego deve subir para 14,7% em 2020 e atingirá 13,5% no ano que vem.
Projeções fiscais
Geralmente, o FMI anuncia as projeções fiscais para os países membros num panorama de quatro anos adiante. Todavia, em virtude do caráter extraordinário e não estrutural da recessão mundial causada pela Covid-19, a pior desde a Grande Depressão, o Fundo optou por divulgar previsões somente para um ano à frente.
Com o desgaste das contas públicas e condições econômicas no país para este ano, o FMI passou a projetar um aumento da dívida pública bruta, como proporção do PIB, de 89,5% em 2019 para 98,2% em 2020, indicador que poderá ficar estável em 98,2% no ano que vem. Além disso, a dívida líquida também terá um avanço do ano passado, de 55,7% para 62,8% neste ano, e que deverá passar para 64,9% em 2021.
Ainda segundo o FMI, o quadro negativo para a produção e o consumo no país neste ano poderá exigir mais recursos do governo para conter uma grande piora da demanda acumulada:
“No entanto, as autoridades devem continuar a buscar reformas fiscais e desenvolver um arcabouço de médio prazo para preservar o teto de gastos e colocar a dívida em uma trajetória declinante. Manter a credibilidade fiscal é essencial para restaurar a confiança de investidores e atrair investimentos muito necessários para quando as condições da economia começarem a normalizar.”
A forte recessão fará aumentar os gastos gerais do governo como proporção do PIB de 37,9% em 2019 para 39,9% neste ano, que deverão recuar para 37,5% no ano que vem. Em contrapartida, as receitas do Poder Executivo baixarão, na mesma base comparativa, de 31,9% no ano passado para 30,5% em 2020, porém, voltarão a subir para 31,3% no ano que vem.
Fonte: Forbes Brasil
*Foto: Divulgação